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Origens do chá

O chá tem uma longa história na China e em outras regiões da Ásia, e à sua origem estão associadas várias lendas e histórias.

A China é apontada como a nação pioneira no consumo da planta do chá, seja como bebida ou como vegetal, embora a data exata do início do seu cultivo e consumo permaneça incerta. A história mistura-se com lendas, e há contos locais que narram a origem do chá, frequentemente realçando suas propriedades quase “mágicas” em relação a várias figuras históricas ou lendárias de destaque.

Contents:


Origem do Chá

Shen Nong, o imperador que descobriu o chá

A descoberta do chá é frequentemente atribuída a uma lenda chinesa, associada ao imperador Shen Nong, uma figura lendária da antiguidade chinesa. Esta lenda destaca a importância do chá na cultura chinesa e a sua descoberta casual.

Reza a lenda que a Shen Nong, também denominado de “O Divino Agricultor”, um dos quatro imperadores lendários da China e considerado o “pai” da medicina e da agricultura, é atribuída a descoberta da planta do chá, por volta de 2737 a.C.

Shen Nong dedicou-se ao estudo de diversas ervas e plantas, resultando na criação de inúmeros remédios naturais. Ele experimentava várias folhas, frutos, raízes e bagas, observando os seus efeitos e possíveis aplicações.

De acordo com a lenda, um dia após uma longa caminhada pelas zonas montanhosas do sul da China, enquanto fervia água para beber, algumas folhas foram sopradas de uma árvore próxima e caíram na sua tigela. Observando a mudança da cor da água, Shen Nong experimentou o licor surpreendentemente saboroso e as suas propriedades medicinais, apreciando o aroma suave e o sabor ligeiramente amargo. Após beber esta bebida, sentiu revigorado, e assim, segundo a lenda, Shen Nong presenteou a humanidade com o chá.

Uma variação dessa lenda relata que Shen Nong testou as propriedades medicinais de várias ervas em si mesmo, incluindo algumas tóxicas, e descobriu que o chá poderia funcionar como um antídoto. Embora exista uma data estabelecida nos clássicos chineses para a descoberta do chá, essa data é usada principalmente para transmitir a antiguidade da bebida, já que o consumo de chá remonta a tempos imemoriais. Shen Nong também é mencionado numa das obras mais antigas e importantes sobre o tema do chá, o “Clássico do Chá” (“Chajing” (茶经)), escrito por Lu Yu por volta do ano 780 d.C..

Bodhidarma, o monge que “criou” o chá

Outra lenda, esta de origem indiana, conta que a origem do chá é da responsabilidade do príncipe Bodhidarma (“बोधिधर्म”), um personagem importante na história do Budismo Chan (também conhecido como “Zen” no Japão).

A lenda conta que Bodhidharma passou longos períodos a meditar em frente a uma parede de uma caverna nas montanhas da China. Durante uma de suas meditações, ele ficou tão absorto nos seus pensamentos que inadvertidamente adormeceu.

Ao acordar, repudiado com a sua fraqueza e sentindo-se envergonhado por ter adormecido enquanto deveria estar a meditar, decidiu cortar as suas pálpebras para garantir que tal nunca mais acontecesse. Segundo a lenda, onde as suas pálpebras caíram no chão, criaram-se raízes, e nasceu um arbusto verde nunca antes visto. Bodhidharma, então, notou que as folhas deste arbusto tinham propriedades estimulantes e revigorantes.

Decidiu experimentar essas folhas e descobriu assim os benefícios do chá. As folhas de chá, ajudaram-no a manter-se acordado e alerta durante as suas longas sessões de meditação, permitindo que ele alcançasse um estado de concentração mais profundo.

Esta lenda, do príncipe Bodhidharma e as pálpebras que se transformaram em arbustos de chá, destaca a importância do chá na cultura do Zen no Japão e nas práticas meditativas. Reflete também a maneira pela qual o chá, com as suas propriedades de estimulação e clareza mental, passou a ser apreciado devido ao seu papel na promoção da concentração e da consciência no contexto espiritual.

Marpa, o eremita que encontrou o chá

A lenda tibetana sobre a origem do chá é uma história única que conecta o chá a uma descoberta casual. A lenda envolve um eremita chamado Marpa, um personagem proeminente na tradição tibetana do budismo.

Segundo a lenda, Marpa vivia isolado nas montanhas do Tibete e praticava uma vida de meditação e contemplação. Um dia, notou que as suas cabras, enquanto pastavam nas montanhas, começaram a ter um comportamento incomum, após comerem as folhas de uma planta desconhecida. Em vez de ficarem sonolentas ou desinteressadas, as cabras pareciam mais ativas e alertas.

Intrigado com essa descoberta, Marpa decidiu experimentar as folhas da planta. Colheu-as e fez com as suas folhas uma infusão, criando assim uma bebida. Ao beber a infusão, Marpa experimentou uma sensação de clareza mental e uma energia revigorante. Percebeu então que essa bebida especial ajudava-o a permanecer acordado e alerta durante as suas longas sessões de meditação, o que era essencial para a prática espiritual.

A notícia sobre a descoberta de Marpa logo se espalhou, e o chá tornou-se numa parte valiosa da tradição tibetana de meditação e contemplação. Assim, a lenda tibetana atribui a descoberta do chá à observação casual de um eremita, que percebeu as propriedades estimulantes e revitalizantes da planta.

Esta lenda ressalta a importância do chá como uma ajuda para a concentração e meditação, bem como a sua contribuição para a vida espiritual no Tibete. Além disso, demonstra como o chá era valorizado pelas suas propriedades que estimulam a mente e a clareza, características que continuam a ser apreciadas em todo o mundo até os dias de hoje.

Eisai, o monge que introduziu o chá no Japão

A lenda japonesa relacionada com a origem do chá é uma história que envolve o monge budista Eisai, um personagem influente na introdução do chá no Japão e na promoção da cerimónia do chá. A lenda destaca o papel central do chá na cultura japonesa e nas práticas espirituais.

A história começa com o monge Eisai, que viveu no século XII. Eisai estudou na China, onde adquiriu ficou a conhecer o chá e as suas propriedades, sendo ele o responsável por levar as sementes de chá verde da China de volta ao Japão, na sua segunda viagem à China, em 1191.

Quando retornou ao Japão, Eisai plantou as sementes de chá nas encostas das montanhas de Kyushu, na região de Hakata.

É também da sua autoria um livro chamado “Kissa Yojoki” (茶饗養生記), que pode ser traduzido como “O Livro da Longevidade e do Chá”, onde detalha as propriedades medicinais e os benefícios para a saúde do chá, bem como os métodos de cultivo e preparação do mesmo.

Eisai também enfatizou o valor do chá como uma bebida que promove a clareza mental e a concentração, tornando-a ideal para a meditação e busca da iluminação espiritual. Através do seu trabalho, Eisai ajudou a estabelecer a cerimónia do chá no Japão, promovendo a apreciação ritual do chá como uma prática espiritual.

A lenda de Eisai destaca a importância do chá não apenas como uma bebida, mas como uma parte essencial da cultura e da espiritualidade japonesas. A cerimónia do chá, influenciada pelas suas contribuições, tornou-se uma tradição altamente respeitada e valorizada no Japão, e o chá verde, nas suas várias formas, continua a ser uma parte fundamental da vida quotidiana no país.

 

Várias e fascinantes são as lendas relacionadas com a origem do chá em diferentes culturas, e todas elas destacam a importância e as propriedades únicas do chá em cada contexto. Cada lenda reflete como o chá se tornou muito mais do que uma simples bebida, desempenhando papéis significativos na cultura, na espiritualidade e no bem-estar das pessoas ao longo da história.

Estas lendas mostram como o chá é mais do que uma bebida comum. É uma conexão com as raízes culturais e espirituais das sociedades onde é apreciado. Assim, as histórias de Shen Nong, Bodhidarma, Marpa e Eisai destacam como o chá tem desempenhado um papel vital na vida e nas práticas das pessoas ao longo dos séculos, uma tradição que perdura até os dias de hoje.

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