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Chá na China: de Elixir a Símbolo de Elite

Desde os tempos antigos, quando foi descoberto como um medicamento, até à sua posição atual como um ícone de status e cultura, a evolução do chá reflete transformações sociais e culturais significativas.

Embora não se saiba com precisão quando terão sido usadas pela primeira vez as folhas da camellia sinensis, sabemos que foram os chineses os primeiros a descobrir os seus efeitos medicinais, e a consumi-las.

Contents:


Origens medicinais do Chá e sua adopção pela Medicina Tradicional Chinesa

Inicialmente valorizado pelas suas propriedades curativas, o chá foi mencionado em diversas obras literárias antigas que destacavam a sua capacidade de curar e revitalizar o corpo.

Textos como o Shen Nong Ben Cao Jing (escrito durante a dinastia Han, cerca de 200-250 d.C.) descrevem o chá como uma substância que, quando consumida regularmente, poderia “alegrar o espírito e fortalecer o corpo”.

Figuras como Hua Tuo (c. 145-208), um famoso médico cientista, e Hu Jushi (ativo durante a dinastia Han Oriental, 25-220 d.C.) também elogiaram o chá pelos seus benefícios para a mente e corpo, integrando-o no quotidiano médico e filosófico da época:

  • “Quando consumido regularmente, o chá beneficia as ideias.” – Hua Tuo em Shi Lun (c. 200 d.C.).
  • “O chá concede imortalidade àqueles que o tomam durante bastante tempo; consumido juntamente com cebolinho, pode aumentar o peso.” – Hu Jushi em Shi Ji (c. 100 a.C.).
  • “Beber chá verdadeiro combate a sonolência.” – Zhang Hua (232-300) em Bowu Zhi (c. 290 d.C.).

Desta feita, o chá rapidamente se tornou num elemento fundamental na medicina tradicional chinesa, usado não só pelas suas propriedades curativas diretas, mas também como um complemento em diversas prescrições médicas.

A sua aplicação ia além da saúde física, influenciando o bem-estar mental e espiritual. A medicina chinesa clássica frequentemente citava o chá como um equilibrador de “Qi”, promovendo a harmonia entre os cinco elementos essenciais para a saúde holística.

Assim, com o crescente numero de descrições das suas funções curativas, o seu consumo depressa se alastrou a todas as camadas sociais

Transição para bebida social e de prestígio entre a corte imperial e elite

A transição do chá de um remédio, consumido como uma decocção medicinal de sabor bastante amargo resultado da fervura de folhas de chá não processadas e muitas vezes com a adição de outros ingredientes, para uma bebida de elite começou nas cortes imperiais durante a dinastia Tang (618-907).

A obra de Lu Yu, o “Chajing” (c. 760 d.C.), codificou a arte da cerimónia do chá, transformando o simples ato de beber chá numa performance artística e num ritual social. Este período marcou a popularização do chá entre a nobreza e a elite, estabelecendo-o como um símbolo de sofisticação e status cultural, apreciado pela sua qualidade e preparação meticulosa.

Até o período dos Três Reinos (220-280), o chá era considerado um luxo raro. Contudo, gradualmente, tornou-se uma prática comum nas cortes imperiais e, durante as Dinastias do Norte e do Sul (420-589), o seu consumo já se havia generalizado entre a elite instruída. Literatos, oficiais do governo e filósofos da dinastia Jin (265-420), como Zuo Si (250–305), Xie An (320-385) e Wang Meng (325-375), professaram o seu amor pelo chá, incorporando-o na vida diária e na cultura erudita, desde eventos sociais a momentos de reflexão pessoal.

A generalização do Chá como símbolo cultural

No final do século VI, o chá transcendeu seu papel inicial como bebida medicinal e começou a ser valorizado também pelas suas qualidades refrescantes e pelo seu papel em rituais sociais. Com a evolução da sua produção e a diversificação de seus sabores e aromas, o chá passou a ser uma parte integrante não só da dieta da elite, mas também da cultura chinesa como um todo, espelhando a estratificação social e a riqueza cultural da China antiga.

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