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Introdução do Chá no Japão

A introdução do chá no Japão é uma história de troca cultural, refinamento artístico e desenvolvimento espiritual que remonta a mais de um milénio.

A partir da China o consumo da planta cammelia sinensis espalhou-se pelos países vizinhos, onde os hábitos e costumes da aristocracia chinesa eram considerados como modelos a seguir, sendo deste modo, importados e imitados pelas famílias nobres locais.

 

Contents:

 


 

Primeiros Contatos e Popularização do Chá

A introdução do chá no Japão é atribuída aos monges japoneses budistas que viajaram para a China para estudar, e trouxeram de volta não apenas conhecimentos religiosos e governamentais, mas também tijolos de chá e outros tipos de chá comprimido. Inicialmente, seu uso estava confinado principalmente aos mosteiros, onde os monges o utilizavam como auxílio à meditação.

Embora o consumo de chá possa ter começado esporadicamente durante o período Nara (710-794), a introdução significativa do chá é creditada ao Príncipe Shotoku, que teria encorajado os primeiros usos culturais e medicinais do chá no Japão por volta de 593 d.C.

No entanto, foi só durante o período Heian que o chá começou a ganhar destaque no Japão, inicialmente entre a nobreza e os monges como uma bebida medicinal e um auxílio à meditação.

A fundação formal do chá como prática cultural no Japão começou com os monges Saicho e Kukai no início do século IX. Saicho trouxe consigo sementes de chá da China para o Japão em 805, e Kukai fez o mesmo em 806, sementes essas que plantaram nos jardins dos seus mosteiros e templos, começando assim a primeira produção localizada de chá em solo japonês, e que mais tarde se espalharia para outras partes do Japão.

Em 815, o Imperador Saga oficializou o cultivo de chá, marcando o início do chá como uma bebida aristocrática.

Durante o período Kamakura (1185-1333), o chá começou a ser incorporado nas práticas religiosas e sociais japonesas mais amplamente, após um período de guerras civis que impediram a população de se entregar à arte do chá.

Myoan Eisai (1141-1215) desempenhou um papel crucial ao integrar o chá nas cerimónias budistas, e também ao convencer a elite japonesa e a classe guerreira de seus benefícios, popularizando o seu consumo. No final do século XII (1191), trouxe consigo da China métodos refinados de cultivo e preparação do chá, que o inspiraram para primeira monografia japonesa sobre o chá, o Kissa Yojoki (喫茶養生記 – Como Permanecer Saudável Bebendo Chá), que detalhava os benefícios do chá para a saúde. Este texto teve um impacto significativo, promovendo o chá como uma bebida de virtudes medicinais e espirituais.

  • “Este chá é apreciado diariamente e é ainda ofertado aos céus, aquele que não faz a sua oferenda não age de acordo com os ensinamentos budistas.” Myoan Eisai em Kissa Yojoki (1211)

Este período também testemunhou o início da ritualização do chá, que mais tarde evoluiria para a cerimónia de chá formal conhecida como chanoyu.

O Chanoyu

Durante o período Muromachi (1336-1573), o chá começou a transcender o seu papel inicial como uma bebida medicinal para se tornar uma forma de arte e prática espiritual.

O desenvolvimento do Chanoyu, a cerimónia do chá japonesa, foi influenciado por estéticas Zen e princípios de wabi-sabi, que valorizam a simplicidade e a quietude.

A cerimónia do chá evoluiu para incluir não apenas a preparação e consumo de chá, mas também a arquitetura do chashitsu (sala de chá), a cerâmica, a caligrafia e a arrumação floral.

No final do século XVI, Sen no Rikyu, talvez o mais famoso mestre de chá japonês, refinou a cerimónia do chá para incluir uma filosofia de harmonia, respeito, pureza e tranquilidade. Sob a sua influência, o Chanoyu tornou-se uma prática espiritual profundamente enraizada na filosofia Zen, focada na atenção plena e na presença no momento.

Rikyu também estabeleceu os padrões estéticos e as formas rituais que são ainda hoje praticadas.

A introdução do chá no Japão não foi apenas uma importação de uma bebida; foi a adoção de uma nova dimensão cultural que permeou as artes, a religião e as interações sociais.

Desde os primeiros monges que trouxeram o chá da China até os mestres de chá contemporâneos, o chá continua a ser uma expressão da essência cultural japonesa.

Hoje, a cerimónia do chá é considerada um pilar da cultura japonesa, representando muito mais do que o ato de beber chá. Ela simboliza a busca pela beleza nas imperfeições, a aceitação do efémero e a conexão espiritual entre anfitrião e convidado. Apesar da modernização e das mudanças na sociedade japonesa, a tradição do chá continua a ser uma parte vital da identidade cultural do Japão.

 

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